sábado, 25 de agosto de 2012

Salvador 2012

Nasci em salvador
A terra que dizem ser de todos os santos
Mas eles devem estar cuidando de um terreno melhor

 Aqui, se respira os três D’s
Desigualdade, desorganização e displicência.

 Arte? Fala-se de boca em boca
Afinal, não é do interesse de ninguém que se faça parte
Cultura é o mesmo privilegio.
Só se desenvolve com o contato certo.

 Transporte? Morra-se sufocado
Ou more onde não se precise de sorte

 E olho para os lados
Vejo prédios e mais prédios
Rasgando o céu sem plano
Será que essa porra não foi feita por engano?!

 As praias estão acabadas
Nunca deveriam ter tirado as barracas
Agora elas estão mais imundas
Pior que elas?
Só os corruptos e suas bundas

Essa é a salvador de agora
Amada por muitos
E abandonada pelos santos
Ouçam nossos prantos
Pois quando acordo de manhã
Só faço esperar pelo dia de amanha.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A vila

Ainda lembro como se fosse hoje
Aquela pequena e velha vila
Com casas quase que iguais
Todos com a sua arquitetura popular
E o chão de terra batida nas ruas.

O mar que a cerca é tranquilo
Mas sempre havia algum barco na areia
Eram muitos, agora alguns poucos persistem.

As praias de desertas e secretas
Já não tem mais nada
E antes da minha época
Soube que se podia andar pelado por elas

A tartaruga marinha tão velha e sabia
Segurava seu cajado e fazia sua profecia
Disse que a vila se expandiria
Agora o mundo ‘’ganharia’’

Minha infância, marcada por pescarias e bicicletas
Agora é um mini shopping a céu aberto
Até as horríveis manifestações carnavalescas
Cuja me aterrorizavam, viraram mercadoria.

As casas foram vendidas
O chão foi asfaltado
As lojas internacionais chegaram
E seus preços aumentados
Tudo agora é hotel e restaurante caro
Onde será que estão os verdadeiros pratos?

Tudo acontecia muito rápido
Ninguém mais sabe do passado
Muito menos do futuro
Em menos de 10 anos metade da vila
Foi expulsa de seu mundo.